domingo, 21 de maio de 2017

Review: Wael Daou – Sand Crusader


Por Pedro Humangous

Os tempos de revista digital Hell Divine me trouxeram grandes presentes ao longo dos cinco anos em que mantivemos a publicação ativa. Uma delas foi ter conhecido o trabalho do Wael Daou. Não me esqueço do dia em que uma pessoa entrou em contato comigo através da página da revista no Facebook perguntando se podia enviar um CD de um amigo seu, que morava em Belém do Pará. Achei aquilo incrível e como nunca negamos material de ninguém, fiquei na expectativa aguardando chegar o tal álbum, sem sequer saber do que se tratava. Para a minha surpresa, me deparei com o, até então, desconhecido “Ancient Conquerors”. Um trabalho com seis músicas, todas voltadas para as guitarras e para o instrumental, já demonstrando um músico diferenciado, com boas ideias e um bom gosto enorme quando se tratava de música, tanto na parte estética/visual, quanto o cuidado com a qualidade sonora. Alguns anos se passaram e mantive um contato próximo com o Wael, acompanhando de perto todas as fases de composição do novo material, dando dicas, acompanhando as demos em primeira mão, a seleção dos músicos, a escolha das artes, enfim, estive imerso em “Sand Crusader” desde seu embrião. E me dá um orgulho enorme ter esse disco em mãos, um digipack triplo maravilhoso, luxuoso, feito com o maior carinho e dedicação do mundo. No primeiro CD temos sete músicas novas – iremos falar delas a seguir – no segundo CD temos novas e melhoradas versões das músicas lançadas no “Ancient Conquerors” e o terceiro disco é um DVD contendo as versões animadas de todas as faixas além de três playthroughs animalescos! Todas das músicas ganharam uma arte exclusiva; todo o material gráfico foi feito pelo renomado Gustavo Sazes, que deu um brilho a mais nesse lançamento. Pra quem ainda não conhece o Wael Daou, estamos falando de um guitarrista experiente, ultra técnico, com um senso de melodia apurado, navega com facilidade pela música extrema, pelo prog, abusando de fortes características da música Libanesa (sua descendência). As oito cordas usadas por ele dão o peso necessário às composições, trazendo bastante agressividade, sem deixar de lado as lindas partes mais leves e trabalhadas. Sim, seu foco principal são obviamente as guitarras, dando bastante destaque ao instrumental, mas não se engane achando que é só isso, “Sand Crusader” traz várias faixas com vocais extremos, como são os casos de “Scourge Of Humanity” e “Thorns Of Joy”, além de vocais limpos em “Sand Crusader”. A estrutura das músicas me remeteu a várias coisas bem interessantes como The Haarp Machine, The Faceless, Jeff Loomis, Dream Theater. A grande sacada do Wael foi misturar diversos momentos e essências dentro de suas composições, dando mais dinâmica e empolgação a cada nova audição. São tantos elementos, tantas notas, camadas de teclado, que são necessárias várias audições para assimilar a proposta. Mesmo assim, trata-se de um álbum de fácil digestão, é extremamente viciante e convidativo. Como explicar, por exemplo, o clima tenso criado pelos sintetizadores e trompetes na faixa “The Awakening I”? Uma energia sombria lembrando momentos de Dimmu Borgir, Septicflesh e Behemoth, com uns solos inspiradíssimos lembrando a linha de compor de John Petrucci – coisa de outro mundo! Wael Daou é nível internacional, é fora do comum, é algo que todos precisam ouvir. Definitivamente é esse tipo de maturidade que quero ver crescer no cenário da música pesada no Brasil, é o tipo de som que buscava e finalmente tenho em mãos. Certamente um dos maiores destaques do ano, top 5 fácil!


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